O projeto de bem-estar animal, conhecido como projeto “Redução da Marca a Fogo” em bovinos, capacita profissionais para o manejo de baixo estresse. Entre as quatro propriedades escolhidas para participarem deste projeto está a Fazenda Cambury, em Araguaiana (MT).
Os ensinamentos trazidos pela equipe do projeto aperfeiçoaram o trabalho que já era direcionado para o bem-estar animal e, por consequência, ajudaram a levar ao mercado profissionais mais capacitados para o manejo.
A iniciativa, que propõe a substituição da marca a fogo pela identificação dos animais por meio de brincos, botons e tatuagem, é conduzida pela empresa BE.Animal, o ETCO – Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal, da Unesp – Jaboticabal e a Fazenda Orvalho das Flores, com o apoio das empresas MSD Saúde Animal – e sua marca Allflex – e JBS.
Vizinha de porteira com a Fazenda Orvalho das Flores, da pecuarista Carmen Perez, referência em bem-estar animal, a Cambury é conhecida por ser uma das propriedades de cria mais produtivas do Brasil, com índices expressivos de taxa de prenhez, peso a desmama e quilos de bezerros desmamados por fêmeas expostas à reprodução.
O zootecnista e gestor da propriedade, José Eduardo Martins Junior, explica que a fazenda é parceira de longa data da MSD Saúde Animal, desde que teve início o projeto de pecuária, em 2011. Atualmente, a propriedade participa também do projeto Criando Conexões, que capacita os profissionais com técnicas que favorecem o bem-estar animal e o manejo de baixo estresse.
“Já vínhamos atentos ao tema bem-estar animal e às visitas do professor Mateus Paranhos à fazenda da Carmen, que é nossa referência. As nossas equipes têm uma interação muito boa, sempre estamos de olho no que está dando resultado lá, porque também buscamos excelência no nosso trabalho”, explica Martins.
As mudanças realizadas com a equipe a partir dos projetos aplicados na propriedade foram levadas com tranquilidade e os novos manejos foram implantados aos poucos. “Deu certo! O lema ‘é melhor fazer uma vez bem-feito’ foi seguido e a equipe se mantém engajada”, detalha o gestor. Inclusive, manejadores que já deixaram a fazenda levaram com eles os aprendizados, o que rendeu elogios dos atuais líderes pelos profissionais terem a experiência com as boas práticas de manejo e bem-estar animal.
1.800 nascimentos por safra
Antigamente, o manejo de maternidade da Cambury era fazer o acasalamento de mãe com bezerro, a cura do umbigo, os furos nas orelhas seguidos da colocação dos brincos de identificação de mosca e o boton. No momento da desmama lado a lado, o brinco de identificação era retirado e eram feitas as marcações a fogo, com a marca da fazenda, uma letra e até quatro números. No total, eram seis marcas que os animais levavam entre os 8 e 10 meses.
A propriedade tem cerca de 1.800 nascimentos por safra, o que dá a dimensão do trabalho que é realizado no local. Martins explica, no entanto, que nem todos recebiam as marcas. “Parte dos animais é vendida na desmama sem nenhuma marcação e parte fica na fazenda, resultando em aproximadamente 1.100 animais que recebiam as seis marcas. Ou seja, deixamos de fazer, pelo menos, 6.500 marcas. Isso é uma vitória para nós.”
Para o coordenador técnico de bem-estar animal da MSD Saúde Animal, Antony Luenenberg, o manejo com baixo estresse melhora a imunidade, a resposta à vacinação e o desempenho dos animais. “Além disso, uma comunicação eficaz entre humanos e animais reduz o estresse nos funcionários, o que melhora a satisfação dos trabalhadores e reduz o volume de rotatividade de mão de obra”, garante.